Perícia vira assunto de cordel
Perícia vira assunto de cordel
O PCF José Alysson Medeiros publicou o folheto de literatura de cordel ‘A Peleja do Diabo com o Perito Criminal’
A temática é séria. A história é de
um diálogo entre o diabo e o perito criminal em uma cena de local de
crime, mas os versos organizados em sextilhas (métrica usada por
cordelistas), quase como uma canção, divulgam de forma romântica – e
porque não dizer, poética – o trabalho do perito criminal.
O
PCF José Alysson Medeiros contou como surgiu a ideia de criar um cordel
sobre perícia. “Sabendo que eu gostava de literatura de cordel, minha
esposa trouxe pra casa um folheto distribuído em seu trabalho escrito
por um médico que decidiu divulgar ao público medidas preventivas em
relação à determinada moléstia de sua especialidade. Ao ler o folheto, o
caráter lúdico e informativo da história despertou-me de certa forma
que eu imediatamente vislumbrei a possibilidade de escrever um sobre
minha atividade de perito criminal”.
O perito destacou que buscou mostrar
um pouco da rotina do perito criminal. “Busquei escrever algo que fosse
particular do profissional, como os equipamentos, os objetos de perícia,
as áreas do conhecimento, os protocolos mais comuns, enfim o perfil
básico da atividade”.
Alysson contou com a parceria do
xilogravurista pernambucano José Francisco Borges, o L. Borges; do poeta
paraibano José Costa Leite (foto) e do artista plástico da cidade de
Natal (atual lotação do perito Alysson), Erick Lima.
Saiba mais: literatura de cordel
Na época dos povos conquistadores
greco-romanos, fenícios, cartagineses, saxões, etc, a literatura de
cordel já existia, tendo chegado à Península Ibérica (Portugal e
Espanha) por volta do século XVI. Na Península a literatura de cordel
recebeu os nomes de "pliegos sueltos" (Espanha) e "folhas soltas" ou
"volantes" (Portugal). Florescente, principalmente, na área que se
estende da Bahia ao Maranhão esta maravilhosa manifestação da
inteligência brasileira merecerá no futuro, um estudo mais profundo e
criterioso de suas peculiaridades particulares.
O grande mestre de Pombal, Leandro
Gomes de Barros, que nos emprestou régua e compasso para a produção da
literatura de cordel, foi de extrema sinceridade quando afirmou na
peleja de Riachão com o Diabo, escrita e editada em 1899:
"Esta peleja que fiz não
foi por mim inventada, um velho daquela época a tem ainda gravada minhas
aqui são as rimas exceto elas, mais nada."
Oriunda de Portugal, a literatura de
cordel chegou no balaio e no coração dos nossos colonizadores,
instalando-se na Bahia e mais precisamente em Salvador. Dali se irradiou
para os demais estados do Nordeste. A pergunta que mais inquieta e
intriga os nossos pesquisadores é "Por que exatamente no nordeste?". A
resposta não está distante do raciocínio livre nem dos domínios da
razão. Como é sabido, a primeira capital da nação foi Salvador, ponto de
convergência natural de todas as culturas, permanecendo assim até 1763,
quando foi transferida para o Rio de Janeiro.
Na indagação dos pesquisadores no
entanto há lógica, porque os poetas de bancada ou de gabinete, como
ficaram conhecidos os autores da literatura de cordel, demoraram a
emergir do seio bom da terra natal. Mais tarde, por volta de 1750 é que
apareceram os primeiros vates da literatura de cordel oral. Engatinhando
e sem nome, depois de relativo longo período, a literatura de cordel
recebeu o batismo de poesia popular.
Foram esses bardos do improviso os
precursores da literatura de cordel escrita. Os registros são muito
vagos, sem consistência confiável, de repentistas ou violeiros antes de
Manoel Riachão ou Mergulhão, mas Leandro Gomes de Barros, nascido no dia
19 de novembro de 1865, teria escrito a peleja de Manoel Riachão com o
Diabo, em fins do século passado.
Sua afirmação, na última estrofe
desta peleja (ver em detalhe) é um rico documento, pois evidencia a não
contemporaneidade do Riachão com o rei dos autores da literatura de
cordel. Ele nos dá um amplo sentido de longa distância ao afirmar: "Um
velho daquela época a tem ainda gravada".
Fonte: Academia Brasileira de Literatura de Cordel
Quinta-feira, 8 de novembro de 2012
Fonte: Agência APCF
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