Ter armas realmente é garantia de proteção?
Em pesquisa recente da universidade da Pensilvânia nos Estados Unidos traz um duro golpe no argumento armamentista de que ter arma é garantia de proteção. No estudo a fim de investigar a possível relação existente entre a posse de arma e a capacidade de ser atingida por um disparo de arma de fogo, foram selecionados um grupo de participantes que se envolveram em situação de disparo e outro grupo que, vivendo na mesma área, não sofreram nenhuma lesão provocada por Arma de fogo. Foi observado que o grupo possuidor de arma teria 4 vezes e meia mais chances de ser atingido por um disparo do que o grupo que não possuía armas. Os autores sugerem algumas explicações. Uma delas é que a arma pode trazer uma falsa idéia de poder de reação instigando o indivíduo ao conflito armado com outras pessoas igualmente armadas. Além disso, há um efeito psicológico importante quanto ao porte de arma que é a percepção de que outros pessoas podem estar igualmente portando objetos que podem ser considerados como uma arma de fogo. Isso é verificado em situações em que um individuo atinge outro baseado nesta falsa percepção.
Violência contra mulher no centro do debate
Um dos argumentos armamentistas diz respeito do papel protetivo do porte de armas por mulheres contra ataques de violência sexual e doméstica. Entretanto, alguns estudos indicam que isto não é verdadeiro. Muitas das vítimas de estupro e de homicídio tem como autores dos delitos não um estranho qualquer mas, ao invés disso, são seus próprios companheiros, amantes, namorados, etc. Longe de um papel protetivo, ter armas em casa não traz segurança aos membros da família. A triste verdade é que muitos episódios de violência doméstica tem o uso de armas de fogo. Mulheres que tem armas em casa tem 3 vezes mais chances de serem assassinadas enquanto aquelas que tem sido atacadas pelo parceiro tem esta probabilidade aumentada em 5 vezes se ele portar arma de fogo. Segundo os dados da pesquisa sugerem, portar arma de fogo na verdade traz mais insegurança para si e para terceiros. Um caso emblemático aconteceu na cidade de Manaus em julho de 2010 quando uma Perita da Polícia Civil foi assassinada com a própria arma após uma discussão no apartamento do ex-cônjuge.
Para saber mais sobre este estudo o link abaixo traz o trabalho.
Investigating the Link Between Gun Possession and Gun Assault
Com base na assertiva de que o desarmamento pode diminuir os homicídios provocados por arma de fogo, como sugere o estudo acima divulgado, no Brasil a realidade parece não corroborar com o trabalho. Isso porque mesmo depois de promulgada a lei do desarmamento em 2003, o número de homicídios perpetrados por arma de fogo não diminuiu mas, ao invés, houve um aumento das estatísticas sobre esse tipo de crime. Os dados são da confederação nacional dos municípios e disponível aqui. De fato o Brasil é o país com a terceira maior taxa de homicício da America do Sul.
Pelo que parece, a realidade dos homicídios perpretados com uso de arma de fogo no Brasil difere daqueles cometidos no Estados Unidos. O tráfico de armas parece ter relação com os crimes muito mais do que o uso do armamento em defesa própria.
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